DA ANTIGUIDADE DO LUGAR
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Construído sobre um baluarte seiscentista, pertencente à linha defensiva feita em redor de Castelo de Vide há mais de 300 anos, o ‘Museu de Tiflologia/ Centro de Experiência Viva’, resulta da delicada recuperação arquitectónica.
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A obra que agora se fez teve como intuito não apenas dar novo uso a um belo armazém centenário que no local existia, como preservar e valorizar a equilibrada malha urbana e arquitectónica do centro histórico de Castelo de Vide, e ainda, contribuir para a conservação da Arquitectura Militar seiscentista, que marca toda a paisagem da raia Alentejana.
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Foi no contexto dos demorados e dramáticos 28 anos das Guerras da Restauração da independência de Portugal, iniciadas no reinado de D. João IV, que foram planeadas e construídas linhas defensivas, fortalezas e fortins pelo país fora, não apenas ao longo da fronteira com Espanha, como ao longo de toda a linha costeira continental e ilhas atlânticas. Desse período, Portugal mantém ainda um importante património arquitectónico Barroco de génese militar, maioritariamente caracterizado por edificações com mais de 300 anos, que urge recuperar.
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Assim, a nossa obra, ao ter considerado a importância do lugar, recuperando um edifico nele existente, contribuirá certamente para a preservação desta paisagem histórica e consequentemente para a consolidação da malha urbana do centro histórico de Castelo de Vide.
Hino da FNSE tocado por Filarmônica Enarmonia
SOBRE O EDIFÍCIO
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De linhas sóbrias e sábias de bela arquitectura vernacular e amplo espaço interior, o armazém centenário aproveitou a geometria angulosa do baluarte, prolongando os planos inclinados, e portanto a sua forma é também de base trapezoidal.
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O interessante conjunto, em que a parte de baixo é revestida a pedra deixada à vista e a parte de cima é um volume branco, distingue-se pela clareza das duas partes: em pedra vemos o baluarte, a branco vemos o antigo armazém.
Conjunto coeso, armazém-baluarte, foi dele que nasceu este novo Museu.
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A arquitectura vernacular do antigo armazém, que foi em tempos feito sobre a arquitectura erudita do baluarte, é agora valorizada por ter sido considerada a antiguidade das suas pedras, a importância do lugar e da paisagem histórica de Castelo de Vide.
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O edifício do Museu tira ainda partido da ligação física a um olival que lhe pertence e que corre em socalco que está voltado a nascente, socalco esse limitado a norte por alto troço de muralha revestido a pedra, e limitado a sul por muro baixo também em pedra. Nele poderão os visitantes ter contacto com a Natureza.
Texto e Fotografias de Ana Assis Pacheco
2021-03-10